Biografia
A noite caiu
densamente sobre o vermelho telhado da casa. As sombras que se arrastavam
formavam como uma grande mão poderosa que cobria em tom escuro para montar o
seu majestoso cenário. A lua estava na fase de quarto minguante e ela desejou vê-la na fase cheia. Deveria ser esplendorosa.
Mas haveria muitas
outras noites nas quais ela não se cansaria de olha-la. De fazer como a sua
família supostamente fazia. Olhar e mandar um beijo, venerar a sua beleza e
pedir os conhecimentos ocultos que ela em si possuía. Às vezes, não entendia o
seu coração. A saudade estranha que mantinha guardada. Uma saudade que ninguém
poderia preencher. O vazio que via crescer a cada dia e que só aquele lugar
conseguia completar.
Ela voltaria a São
Francisco apenas para avisar a sua tia que não poderia mais ficar lá. Que
voltaria para seu lar. Aquele era o seu lar. Não lá onde o mais próximo que
conseguia chegar da natureza seria perto das docas. A água e as fabulosas
árvores estavam em Porto Velho. Ela
estaria de portas abertas, mas, não poderia ficar. Traria Barlo que já não aguentava mais de tanta saudade. Ele amaria aquele
lugar assim, como ela amou desde a primeira vez que a viu.
A pitoresca casa vermelha de telhado vermelho e janelas pintadas de branco, perdida na rua do pássaro.
[A Prisioneira das Sombras]
Escrever algo sobre memórias que ao longo do tempo foram moradas de nós mesmos.
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